domingo, 28 de agosto de 2016

Ter e Ser

Não há ter, apenas Ser, apenas o Ser que reclama as suas marés e âncora.




By Carlos D.

domingo, 21 de dezembro de 2008

A Big Question


Fotografia: Nuri Bilge Ceylan

"Uma das questões primordiais da Humanidade é a de saber até que ponto o homem é naturalmente bom ou naturalmente mau.

Sempre apostei na segunda - uma crença, aliás, empiricamente e históricamente confirmada. Aqueles que dentre nós se destinguem por serem veículos de transporte de "amor" a uma escala global, têm sido excepções, gotas de água no oceano.

Haverá uma «natureza humana» bastante mais absoluta num outro plano, numa dimensão diferente?
Será que o estado natural do homem é o fracasso, o falhanço? Será que a felicidade e sucesso serão sempre excepções a aplaudir?

A maioria esmagadora de nós nao valoriza efectivamente aquilo que tem.
Está na natureza humana querer mais e mais e mais... daí essa sensação constante de insatisfação.

Valorizamos mais o que não temos do que aquilo que temos.
E ás vezes temos tanto (e não nos apercebemos)..."

By Carlos D.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

O Silêncio do livro


Imagem: Giuseppe Arcimboldo [ Il Bibliotecario ]

Leio, em silêncio, desde muito novo.
Adoro aqueles momentos de paz e quietude a que me abandono.
A prosaica ventura do sentir.
Sempre me fascinaram os universos criados, os mundos que eu descubro e por onde viajo.
Tantas vezes estes saltos sem rede me permitiram perscrutar algo mais de mim.
Ainda hoje é assim.

Tenho também alguns "tiques" de leitura, que foram ficando com os anos.
São as minhas manias...

Estarei só quando leio? Não. Tenho-te a ti. Tenho o teu silêncio.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Memórias



"O amor

MOTE
Amor é chama que mata,
Sorriso que desfalece,
Madeixa que desata,
Perfume que esvaece.
(popular)

GLOSAS
Amor é chama que mata,
Dizem todos com razão,
É mal do coração
E com ele se endoidece.
O amor é um sorriso
Sorriso que desfalece.
Madeixa que se desata
Denominam-no também.
O amor não é um bem:
Quem ama sempre padece.
O amor é um perfume
Perfume que se esvaece."

Mário de Sá-Carneiro

Será?

domingo, 12 de outubro de 2008

Ode à paz

Fotografia de Carlos D.

"Paz...
Esse suave mergulho no desconhecido.
Suspiro leve e inocente de uma criança.
Uivar do vento nas noites de tempestade...
Sabias que mesmo o rio revolto encontra o seu equilibrio?
Yang e yin...
Na espuma da vida
a paz és tu..."

By Carlos D.

sábado, 14 de junho de 2008

O Palhaço

Fotografia de Paulo Madeira

"Tem sempre um sorriso pintado na face. É um palhaço.
Tantas vezes ele veste o seu fato, coloca a máscara, pincela a face de uma alegria que não é sua, mas apenas o espelho do que a plateia dele espera.
Talvez o palhaço apenas quisesse ser “normal”. Ser ele mesmo. Será possível?
Quem és tu “palhaço”? Que procuras?

Numa miríade resplandecente de cor ele pinta de alegria a vida de tantos… Será esse o seu caminho, o seu propósito e sentido?
O palhaço não é um ser comum. Ele olha a vida sob um outro prisma, vislumbrando beleza nos mais ínfimos pormenores.

Certo dia, compelido por uma força que não consegue explicar, mas confiando no seu fiel barquinho “Navegante do Sonho” aventura-se... Espantado, vislumbra um pequeno peixe colorido que se confunde com um grupo de anémonas-do-mar. Como que se esconde…
Pergunta-lhe: “Quem és tu?”
- “Sou o Nemo”.
- “Porque te escondes”, pergunta-lhe o palhaço.
- “Não me escondo amigo. A anémona protege-me, sou seu convidado. Simplesmente encontrei o meu lugar no mundo. Tu já encontraste o teu?”, pergunta-lhe Nemo.
- “Quem és tu Nemo?”, insiste algo embaraçado o palhaço.
- “Sou Nemo, o peixe palhaço”.

O palhaço sorri, enquanto brinca com a sua mente, tal qual uma criança dentro da caixa de areia.
Mais uma vez o seu fiel barquinho tinha-o transportado numa viagem colorida de descoberta de si mesmo..."

By Carlos D.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Dia da Criança-Dia 1 Junho


Associe-se no apoio ás Crianças da Casa de Crianças de Tires.



Ajude, não seja indiferente. O seu contributo pode fazer a diferença. Todos juntos podemos mudar algo.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Brevemente...



Fotografia de Graça Loureiro

terça-feira, 15 de abril de 2008

Ressurreição

Fotografia de Paulo Madeira

Irresistível o apelo... O regresso ao ventre, o calor da chegada, o tumulto de cada toque teu na minha pele – terra!
Mergulhei até à insanidade, entreguei-me até me cobrires por completo...
Deixei-me incorporar em ti, até não me lembrar mais de quem era.
Indestrutível a ligação...
O entorpecimento dos membros, o esmagador poder da tua envolvência, entranhada nas minhas unhas por tentar encerrar-me mais em ti – terra!
Submergi até à inconsciência, deixei-me levar pelo teu gosto, até não saber mais qual o sabor de mim.
Infinito prazer... Este de ser o mesmo que tu – terra!
Porque ao sair de mim sinto a Ressurreição.

By Joana Latino

domingo, 13 de abril de 2008

Homem versus mulher

Fotografia de Ddiarte









Comummente costuma-se dizer que “os homens são de Marte e as mulheres são de Vénus” (embora eu, algumas vezes, as veja como seres alienígenas verdinhos).
Em boa verdade, e genericamente, a mulher lida incomensuravelmente melhor com os sentimentos, comparativamente ao homem. Afinal, que faz desde pequena? Socializa. A começar pelas bonecas e pelas brincadeiras com as amigas. E que faz o homem? Joga à bola.
Toda esta forma diferenciada de entender a vida, a que acresce a questão hormonal, acaba por realçar algumas diferenças.


Será a mulher mais sentimental que o homem? Ou estará apenas melhor preparada para os “sentimentos”, acabando o homem por se refugiar, tantas vezes em si mesmo?
Para a mulher a afectividade é o seu principal ponto de equilíbrio. Para o homem, também é deveras importante, mas a um outro nível. Por isso tantas vezes a mulher se queixa de que o homem é “um insensível e frio”.


Sem dúvida que o Homem é mais especializado. Consegue ver os problemas e situações da vida de uma forma mais fria e racional. Isso impede-os muitas vezes de conseguirem fazer várias coisas ao mesmo tempo. Por isso o homem fica tão irritado quando uma mulher o interrompe: simplesmente perde o fio à meada. O cérebro do homem está muito mais especializado e direccionado.

E quando se trata de interagirem? Serão as diferenças inultrapassáveis? Ou parte fundamental no aprofundamento de uma relação (seja a que nível for)? Aí entra um aspecto que tantas vezes é descurado. O diálogo e a compreensão mútua das diferenças e especificidades.





By Carlos D.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Divagações


Fotografia de Carlos D.

Tantas vezes pensamos: “ele/a não me valoriza, não me dá o carinho e atenção que necessito e mereço”, “ele/a é frio/a”, “ele/a não gosta de mim”, “está demasiado centrado/a em si mesmo/a”...

E…esquecemos o essencial. Que esse estar bem connosco mesmos não pode nem deve derivar, nem ser alimentado, por x ou y. Deve, isso sim, advir de uma consciência interior, de um equilíbrio do nosso eu.
Se estivermos demasiado dependentes da forma como os outros nos valorizam, estamos igualmente a adaptar-nos constantemente ao comportamento, expectativas e exigências dos outros. Deixamos de ser nós mesmos, abdicamos da nossa individualidade.
Esquecemos igualmente o quão fácil por vezes é julgar os outros e retirar conclusões, tantas vezes precipitadas.

E, em ultima instância, só quem realmente tiver disponibilidade para nos aceitar e apreciar como realmente somos irá permanecer na nossa vida.

Todos nós possuímos máscaras: as máscaras saudáveis e as menos saudáveis. As saudáveis são as que não colocam em causa a ética individual, as que existem derivadas dos condicionalismos sociais. As outras máscaras são as que procuram ocultar a natureza do verdadeiro “eu”. Isso muitas vezes sucede de forma consciente, outras vezes de forma inconsciente.
E, tantas vezes, essas máscaras impedem a auto-descoberta e obstaculizam o caminho no sentido da unificação dos nossos diversos “eu”.


By Carlos D.

sábado, 29 de março de 2008

Lisboa que adormece (Será?)

Fotografia de Carla D.

Recordo-me da minha infância passada por Belém, as brincadeiras, aquelas amizades de bairro, aqueles ambientes únicos, os verões sem fim, absorvidos até à última gota.
Lembro quando ia às compras a pé, até Algés, com a minha mãe. Eram viagens mágicas, de descoberta e puro prazer.
As viagens de eléctrico…
Depois, com 9 anos, deixei de viver em Lisboa. Manteve-se a paixão.

Adoro esta Lisboa, que parece renascer ao cair do dia, no crepúsculo… Que, qual Fénix, mostra uma nova face, uma nova cor, e adquire um novo fascínio.
Adoro passar a ponte 25 de Abril e maravilhar-me ao ver a miríade resplandecente de luzes.
És uma feiticeira das noites de verão à beira Tejo, musa de poetas e sonhadores.


By Carlos D.

O ano da morte

Fotografia de Carla D.

Chovia quando te comecei a ler
E nas tuas primeiras letras a chuva
Um amontoado de palavras a desenhar o retrato
Sobre a cidade das ruelas escrever
No tempo em que se tirava a luva
Para cumprimentar os amigos à porta do Teatro

Nasceste aí em frente a ele
Passaste por ali tantas vezes
De passo apressado, cima-abaixo nas escadinhas
Quando era já só memória na pele
Uma recordação que percebes
Que entendo ao ter-te nas minhas mãozinhas

Era pequena quando te li, Ricardo
Oferecido pelo meu pai, António
De toda a Lisboa andante bastardo
Sem saber eu que eras heterónimo
Fecho o livro e já não é dia
A noite ainda não chegou
Afinal és Pessoa, não sabia
Foi isso que o pai me ensinou

Chovia, lembro-me, quando subi as escadinhas
E nas minhas primeiras memórias a chuva
Um amontoado de gotas a desenhar poças
Com aquelas paredes ainda limpinhas
Exponho a mão para fumar, sem luva
Vou atrasada para o teatro... Não corras


By Joana Latino

quarta-feira, 26 de março de 2008

Luz



A Marta (não, não é a da Teleseguro, embora em boa verdade o pudesse ser) era uma rapariga de bem com a vida.
Um dia, contudo, e por incrível que pareça, a melancolia e tristeza penetrou o seu escudo impenetrável.
Sentiu-se pequena face à imensidão do Mundo. Recordava todas aquelas pessoas “realmente importantes”, que fizeram algo de extraordinário, e pensava: “que fiz eu de surpreendente e único? Nada!”. Sentiu-se insignificante.
Durante o dia estes pensamentos não a abandonaram (era uma rapariga de ideias fixas) …
Chegando a casa, tomou banho, jantou e, sempre com esta ideia presente, abandonou-se ao conforto do sofá.
Enquanto fazia zapping, num total abandono hipnótico, encontrou finalmente a resposta.

Sim, ela era importante. Importante para quem a amava, para quem gostava dela de verdade.
Era única e especial no coração de algumas pessoas.

Recordou alegrias, tristezas, risos e choros partilhados. Recordou a tristeza e a dor sentida, perante a perda de quem realmente ela gostava.
Tinha percebido finalmente. A luz que dela emanava era imperdível para o mundo.


By Carlos D.

sexta-feira, 21 de março de 2008

A Estação e a viagem


Tantas vezes procuro racionalizar as coisas, analisá-las, procurar perceber os significados mais recônditos dos comportamentos alheios.
Sempre tive a "mania" das psicologias (sorriso). A mania do controle. Isto de alguma forma é perturbador.
Provavelmente, tudo isto esconde alguma insegurança inconfessada, algum receio quase visceral de perder o controlo; porque no fundo nada é estanque, tudo muda. Talvez tenha medo de, no meio destas mutações todas, perceber que afinal não consigo controlar nada.
Depois, uma voz dentro de mim acorda-me para a realidade: "Pára! Go on, carpe diem, go with the flow, descontrai e deixa-te ir..."
Todos nós, no fundo, temos medo de expor o nosso lado mais frágil e vulnerável. Medo da dor. Medo da viagem. E como reagimos ao medo? Alguns de nós procuramos controlar tudo o que está à nossa volta, outros não reagem pura e simplesmente (é o mais seguro). Outros ainda, reagem de forma positiva e enfrentam os seus medos e receios, num equilíbrio entre o saber arriscar e o saber esperar...
No fundo, o medo é algo que interage na nossa vida, que é parte integrante dela. O importante é a forma como reagimos e enfrentamos esses fantasmas.

Alguém dizia algo como: "A felicidade não é uma estação onde se quer chegar, mas uma forma de viajar".


By Carlos D.


"Sometimes I feel the fear of uncertainty stinging clear
And I cant help but ask myself how much Ill let the fear take the wheel and steer
Its driven me before, it seems to have a vague
Haunting mass appeal
Lately Im beginning to find that I should be the one behind the wheel
Whatever tomorrow brings, Ill be there
With open arms and open eyes yeah
Whatever tomorrow brings, Ill be there, Ill be there
So if I decide to waiver my chance to be one of the hive
Will I choose water over wine and hold my own and drive, oh oh
Its driven me before, it seems to be the way
That everyone else get around
Lately, Im beginning to find that when I drive myself, my light is found
Whatever tomorrow brings, Ill be there
With open arms and open eyes yeah
Whatever tomorrow brings, Ill be there, Ill be there…"

Drive- Incubus

domingo, 9 de março de 2008

Alma rasgada


Fotografia de Paulo César

"Perdi-me dentro de mim
Porque eu era labirinto
E hoje, quando me sinto,
É com saudades de mim."

Mário de Sá Carneiro

quarta-feira, 5 de março de 2008

Idiossincrasias



Idiossincrasias...
Vem isto a propósito de algo em que tenho meditado nos últimos dias e que de alguma forma me perturba.
Por vezes, para muitas pessoas, é complicado assumirem-se como realmente são.
Porquê? Porque a sociedade tende a compartimentar as pessoas em categorias. A pessoa rebelde, certinha, mal comportada, bonita, feia... No fundo a "normal" e a "anormal".
Que expressão horrível... "normal". Mas o que é ser "normal"? É algo que simplesmente não existe. A sociedade no fundo diz-nos que ser "normal" é fazer parte da maioria e ser mais um rosto anónimo na multidão.
Todo este processo, que leva à criação de máscaras, apenas conduz à alienação da identidade individual. Que graça tem um mundo em que cada um seja a cópia do outro ao lado?
A riqueza deste mundo está precisamente na corrente variável de pensamentos, de formas de estar, de vontades, de ideias...
O tesouro está precisamente nas idiossincrasias.
O problema é que tantas vezes fazemos concessões em nome daquilo que a sociedade contextualizou como certo e errado, como aceitável.
Se só vivemos uma vida de cada vez, porque perdemos tanto tempo a ser infelizes, a julgar os outros, a abdicarmos da nossa identidade? Porque não aproveitar esta grande aventura que é a vida?
Depois recordei-me da Teoria Evolutiva de Darwin.
O processo de descoberta pessoal assemelha-se muito a um processo de selecção natural em que as pessoas que estão aptas para lidar connosco se vão afastando ou não do nosso círculo de amizades.
Apenas aquelas pessoas que realmente investirem um pouco do seu tempo no conhecimento do meu verdadeiro "eu" permanecerão.

By Carlos D.

domingo, 2 de março de 2008

Entre mundos

Fotografia de Carlos D.

E se um louco lhe dissesse…
Vamos beber a tempestade, trautear uma singela melodia.
Vamos avançar no silêncio e na sua expressão imperscrutável.
Já viste o olho do silêncio?
E o silêncio existe, pelo menos este.
Vamos domar dragões?

No balcão observo…
Vidas que passam, sonhos desfeitos, almas perdidas,
pensamentos dispersos, que deslizam com o vento.
Observo crianças, que brincam na sua alegria inocente, sedentas de viver.

Sabes? As pontes no meu sonho são tentáculos de um polvo, pernadas da árvore da minha vida.
Permaneço em mim.
Sabes quem sou?
Pertíssimo deste lugar indolente, os gigantes da floresta não entram.

By Carlos D.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

A Ternura


Fotografia de Carlos D.

Há momentos assim...
Que cativam, que emocionam, que tocam fundo.
Quem consegue ficar indiferente numa altura destas?

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

A Ilusão


A ilusão...
Tantas vezes procuramos iludir a vida e os outros com uma falsa felicidade, que não é sentida, que não é absorvida.
Uma felicidade que serve apenas de máscara, de capa.
De capa muitas vezes para nós mesmos, para auto-convencimento: "Sim, sou feliz... muito... muito... Muito".
Será verdade?


By Carlos D.