terça-feira, 15 de abril de 2008

Ressurreição

Fotografia de Paulo Madeira

Irresistível o apelo... O regresso ao ventre, o calor da chegada, o tumulto de cada toque teu na minha pele – terra!
Mergulhei até à insanidade, entreguei-me até me cobrires por completo...
Deixei-me incorporar em ti, até não me lembrar mais de quem era.
Indestrutível a ligação...
O entorpecimento dos membros, o esmagador poder da tua envolvência, entranhada nas minhas unhas por tentar encerrar-me mais em ti – terra!
Submergi até à inconsciência, deixei-me levar pelo teu gosto, até não saber mais qual o sabor de mim.
Infinito prazer... Este de ser o mesmo que tu – terra!
Porque ao sair de mim sinto a Ressurreição.

By Joana Latino

domingo, 13 de abril de 2008

Homem versus mulher

Fotografia de Ddiarte









Comummente costuma-se dizer que “os homens são de Marte e as mulheres são de Vénus” (embora eu, algumas vezes, as veja como seres alienígenas verdinhos).
Em boa verdade, e genericamente, a mulher lida incomensuravelmente melhor com os sentimentos, comparativamente ao homem. Afinal, que faz desde pequena? Socializa. A começar pelas bonecas e pelas brincadeiras com as amigas. E que faz o homem? Joga à bola.
Toda esta forma diferenciada de entender a vida, a que acresce a questão hormonal, acaba por realçar algumas diferenças.


Será a mulher mais sentimental que o homem? Ou estará apenas melhor preparada para os “sentimentos”, acabando o homem por se refugiar, tantas vezes em si mesmo?
Para a mulher a afectividade é o seu principal ponto de equilíbrio. Para o homem, também é deveras importante, mas a um outro nível. Por isso tantas vezes a mulher se queixa de que o homem é “um insensível e frio”.


Sem dúvida que o Homem é mais especializado. Consegue ver os problemas e situações da vida de uma forma mais fria e racional. Isso impede-os muitas vezes de conseguirem fazer várias coisas ao mesmo tempo. Por isso o homem fica tão irritado quando uma mulher o interrompe: simplesmente perde o fio à meada. O cérebro do homem está muito mais especializado e direccionado.

E quando se trata de interagirem? Serão as diferenças inultrapassáveis? Ou parte fundamental no aprofundamento de uma relação (seja a que nível for)? Aí entra um aspecto que tantas vezes é descurado. O diálogo e a compreensão mútua das diferenças e especificidades.





By Carlos D.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Divagações


Fotografia de Carlos D.

Tantas vezes pensamos: “ele/a não me valoriza, não me dá o carinho e atenção que necessito e mereço”, “ele/a é frio/a”, “ele/a não gosta de mim”, “está demasiado centrado/a em si mesmo/a”...

E…esquecemos o essencial. Que esse estar bem connosco mesmos não pode nem deve derivar, nem ser alimentado, por x ou y. Deve, isso sim, advir de uma consciência interior, de um equilíbrio do nosso eu.
Se estivermos demasiado dependentes da forma como os outros nos valorizam, estamos igualmente a adaptar-nos constantemente ao comportamento, expectativas e exigências dos outros. Deixamos de ser nós mesmos, abdicamos da nossa individualidade.
Esquecemos igualmente o quão fácil por vezes é julgar os outros e retirar conclusões, tantas vezes precipitadas.

E, em ultima instância, só quem realmente tiver disponibilidade para nos aceitar e apreciar como realmente somos irá permanecer na nossa vida.

Todos nós possuímos máscaras: as máscaras saudáveis e as menos saudáveis. As saudáveis são as que não colocam em causa a ética individual, as que existem derivadas dos condicionalismos sociais. As outras máscaras são as que procuram ocultar a natureza do verdadeiro “eu”. Isso muitas vezes sucede de forma consciente, outras vezes de forma inconsciente.
E, tantas vezes, essas máscaras impedem a auto-descoberta e obstaculizam o caminho no sentido da unificação dos nossos diversos “eu”.


By Carlos D.