quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Dentro de mim

Fotografia de Paulo César

"Recordo-me de ti, lembro-me de ti também, e depois de ti.
Levanto a tampa e nem sei como esteve fechada.
Transborda de gente de que nem me lembrava.
E nunca é a mesma pessoa, embora seja.
E é sempre a mesma, mesmo que diferentes os olhos com que a veja.
Vejo-te a ti, a seguir a ti, antes de ti, depois de ti.
Eu, a seguir a mim, antes de ser eu, depois de passares por mim."

By Joana Latino

Sentidos


Ontem senti o frio...
O frio ácido, intenso, o corpo a rebelar-se.
Senti-me.
A relva coberta de geada, a água congelada…
E, mais uma vez, a consciência de que somos apenas uma partícula ínfima neste universo.
E a certeza que depois do gelo vem o calor.

Entrei no carro; progressivamente senti uma sensação de conforto a enlevar-me.
Que dicotomia! Tantas vezes sentimos o corpo quente e a alma fria e vazia…
Esta antítese de “sentir” realça ainda mais a importância do aconchego do "calor” humano e da partilha.


Algures, em Dezembro de 2007.

By Carlos D.

domingo, 27 de janeiro de 2008

Mundo Perfeito

Fotografia Carlos D.

Será tudo possível?
Será que podemos abraçar a vida sem medo?
Sem receio do amanhã, longe da sombra dos fantasmas do passado…
Sem medo do tudo e de nada.
Sem medo de vivermos, sem medo de respirarmos e sem medo de sonharmos?

Num mundo perfeito… não há espaço para o medo.
Num mundo perfeito não temos receio de enfrentar os nossos “monstros”.
Porque num mundo perfeito tudo é possível.
E… porque não é perfeito?
Só depende de nós…

By Carlos D.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Aghata


Um dia alguém, que tive a felicidade de ver cruzar a minha vida e que se veio a tornar uma amiga muito especial, disse-me:

"Através da espiritualidade, aprendi que sentir Raiva, Ódio, Rancor, é valorizar quem não o merece. Aprendi que perdoar, compreender e aceitar é o caminho. Aprendi que ninguém cruza a nossa vida por acaso, todos nos trazem uma mensagem que temos de saber descodificar. Aprendi ainda que a dor existe e que o sofrimento é escolha humana."


By Anabela

domingo, 20 de janeiro de 2008

Pedaços de mim

Fotografia de Paulo César

Inúmeras vezes verifico que vasculho a minha mente, não de forma programada e estruturada, mas como um vagabundo sem rumo; surpreendo-me com os recantos mais insuspeitos e escondidos por onde viajo, pelos momentos aparentemente "sem significado especial" que surgem à flor da pele.

Recordo-me de ti, de ti também... Tu!
Como me poderia esquecer deste som, daquele cheiro, esta paisagem, aquele local? Inúmeras memórias! Aí percebo que nada surgiu por acaso, que fez parte de um percurso de vida essencial na descoberta do meu "eu".
Este "eu" que anseia por descobrir mais e mais...

A todas aquelas pessoas que fizeram e fazem parte da minha vida, o meu obrigado.


By Carlos D.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Amar

Fotografia de Paulo César

Acumular amor é um tesoiro e uma partilha.
Um encontrar da esperança, do sentido da vida.
Lembra uma flor que floresce no mais agreste e imprevisível dos locais, lutando com o "Adamastor", num equilíbrio aparentemente precário e triunfante.
É um mergulho deslumbrante no lago da vida.
Mas só conseguimos distribuir amor na medida do amor que temos por nós mesmos.
Daí que, em primeiro lugar, temos de amar-nos, saber aceitarmo-nos como somos, assumir o íman que somos, com as suas diversas polaridades...
Só o conseguimos se nos sentirmos bem na nossa pele.
A partir daí… estamos prontos para amar, para distribuir amor, muito para além do mero deslumbramento...


By Carlos D.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Energias


Fotografia de Paulo César

Perdoar... aceitar...
Usar a energia que temos dentro de nós para o nosso bem-estar.
Pensava na importância de saber perdoar...
Um perdoar que signifique em primeiro lugar reconciliarmo-nos connosco mesmos, com o nosso "eu", a nossa essência, de forma a alcançarmos uma paz interior...
Desenganemo-nos. Quando não perdoamos a primeira pessoa que ferimos somos nós mesmos... Aprisionamo-nos a nós mesmos num espaço fechado, hermético.
E não queremos que ninguém entre; criamos barreiras, supostas protecções que mais não são que uma forma de nos "escondermos"...
Agora compreendo isso e percebo que este entendimento permite-me dar um salto em frente... Permite-me desatar alguns nó que tinha dentro de mim. Porque no fundo… o que cá andamos a fazer? Evoluir? Crescer? Sim, também...
Mas o fim último é a felicidade...
Lutemos por essa felicidade.
Com a nossa essência reconciliada e em paz, saibamos perdoar e não desperdicemos energias...


By Carlos D.

O mundo não pára

Foto Paulo César

O mundo não pára que eu o conserte.
Procuro aprender que o tempo não é algo que possa voltar para trás.
Portanto, tenho de plantar o meu jardim e decorar a minha alma.
Ao invés de esperar que alguém me traga flores.

By Carlos D.

Aquela tarde



Não resisto a citar António Pina

"A tarde estava errada
nao era dali, era de outro domingo,
quando ainda nao tinhas acontecido,
e apenas eras uma memoria parada
sonhando (no meu sonho) comigo.

E eu, como um estranho, passava
no jardim fora de mim
como alguem de quem alguém se lembrava
vagamente (talvez tu),
num tempo alheio e impresente.

Tudo estava no seu lugar
(o teu lugar), excepto a tua existencia,
que te aguardava ainda, no limiar
de uma súbita ausência,
principalmente de sentido."


By Manuel António Pina

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Pontos de Vista



São tudo pontos de vista...
Olhamos o mar.
Está revolto? Lúgubre? Violento? Inóspito?Ou será que está... fulgurante... rebelde... intenso... Fonte de paz interior?
Será que a chuva é fria? Ou será que, na sua rebeldia, se torna quente?
Será que a vida é bonita e merece ser vivida?
Ou será que preferimos afundarmo-nos nas nossas lamentações?
É tudo uma questão de perspectiva...


By Carlos D.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

O Sonho


A vida contém a vida.
A morte contém a morte.
Mas...
Não há vida sem morte, nem morte sem vida...
E onde está o sonho?
É semelhante ao fumo de uma fogueira que arde, mas não é nem a madeira, nem a chama, nem as brasas...
Há vida sem sonho?
Há sonho sem vida?

Que ninguém tenha medo de sonhar...

By Carlos D.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

A Gruta

Fotografia de Paulo César


Sempre soube que estavas lá.
Sempre te procurei, sempre caminhei para ti.
As nuvens, por vezes, procuram afastar-me do caminho...
Onde estas?
Sinto o teu perfume.
Por vezes vislumbro pedaços de céu aberto, límpido na sua sabedoria, correntes de luz num alegre jogo de cor.
Vejo-te...
Sinto-te...

Também me sentes?
Anseias pela minha chegada?


By Carlos D.

A viagem

Fotografia de Renato Roque

Chovia...

O carro galopava kms: aproximava-me do meu poiso.
Uma viagem intensa, em que cheirei um pouco de mim, das minhas raízes; aquele cheiro da terra, dos eucaliptos...
Aproximo-me, sinto uma lufada de ar fresco.
Aquele lugar toca-me de uma forma inacreditável.
É a natureza crua, os odores, são as memórias... Memórias da minha meninice.
Foi bonito.
Tenho de voltar...


By Carlos D.


Uma viagem descrita em 10/10/2006

domingo, 6 de janeiro de 2008

A espuma dos dias

Fotografia de Paulo César
O tempo corre...
Passamos o dia a correr, a alta velocidade.
No stress do dia-a-dia, no acordar, no levantar, ao tomar banho, a comer, ao sair de casa… sempre a correr...
Nas filas de trânsito, no chegar ao trabalho... São todas aquelas coisas que queremos fazer, mas sabemos de antemão que não vamos conseguir fazer...
No constante adiar das "nossas coisas": amanhã peço desculpa a alguém que magoei, amanhã digo a alguém que gosto dela, amanhã faço aquela viagem, amanhã vou ao cinema, amanhã convido aquele amigo de quem tenho tantas saudades... Amanhã isto, amanhã aquilo.
É sempre para depois e o amanhã tantas vezes não chega, vamos deixando a vida passar ao lado, sempre a adiarmos...
Queremos fazer tudo ao mesmo tempo.
Queremos tudo.
Os dias passam e não os sabemos sentir.
A espuma dos dias vai-se dissolvendo...
Para quando o pararmos, o saborearmos a comida, o saborearmos os amigos, o saborearmos um bom livro, o sentirmos a música a penetrar e abandonarmo-nos... Para quando?
Para quando? Fazermos apenas uma coisa de cada vez, em consciência e não milhentas coisas ao mesmo tempo?
Não sabemos "abrandar"? Este abrandar que não significa fazer as coisas devagarinho, em caracol, mas sim o não nos impormos limites, o não criarmos factores internos de pressão.
O não nos irritar com coisas que, pura e simplesmente, (se fossemos capazes e abrandar e analisar) não possuem tanta relevância e carácter dramático.
As estradas... Quando os acidentes não ocorrem por excesso de velocidade, derivam deste ritmo de vida que temos, de toda a carga negativa, dos tumultos e desta correria do dia-a-dia que nos impede de estarmos verdadeiramente em paz…
Temos de parar e perceber que a vida não é só trabalho. Que muitas vezes poderíamos abdicar de mais uns "trocos" no final do mês, acrescentando qualidade de vida aos nossos dias.
Abrandemos, para que possamos sorver a vida como um copo de vinho branco fresco, que degustamos, sentados no topo do mundo e com o pôr-do-sol como janela...

By Carlos D.

sábado, 5 de janeiro de 2008

Naquele dia...


Naquele dia...
Naquele dia o vento uivava.
Naquele dia algo me dizia: "vai por ali, deixa-te vaguear pelas ondas e pelos mares da vida, confia..."
Um sopro de frio chegou até mim.
Desceu pelo meu corpo, entrincheirou-se.
Estremeci... Senti algo a aproximar-se;
Um manto de calor e aconchego envolveu-me.
Os espíritos de vidas passadas vieram conduzir-me...
Cheguei, encontrei o teu sorriso...
Parecia dizer-me: "Entra, és bem-vindo, estava à tua espera, sempre estive..."

By Carlos D.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Quem sou?

Fotografia de Paulo César

Quando à noite sentires a brisa do vento no ouvido e parecer que te quer dizer algo...
Sou eu a pensar em ti...
A sussurrar-te ao ouvido: “sente, absorve a brisa da vida”.
Quando te sentires triste… imagina as ondas do mar, livres, desordenadas.
Imagina o sol a sorrir para o mar.
Imagina que o vento te conta um segredo: “alguém pensa em ti, alguém te ama”.
Não estejas triste, o coração bate, generoso, do tamanho do mundo.
Quando as coisas não correrem bem... Sente, abre os olhos do coração.
A vida ama-te... Alguém te quer ver feliz... Alguém precisa do teu sorriso.
Será que não mereces que a felicidade te preencha? Abre a janela.
Quando alguém te magoar: procura entender, ninguém é perfeito e só não erra quem não tenta.
... O desígnio está em saber perdoar, saber pedir perdão e no cometimento em evitar cometer os mesmos erros.
Quando tiveres dúvidas... Não faz mal teres dúvidas, medos, receios.
Recorda-te sempre: os principais medos estão dentro de nós... Não são reais.
Quando não souberes quem eu sou...

By Carlos D.

A alma é eterna


A alma é eterna.
Sendo eterna, quando se ama,
quando se encontra a alma gémea, é impossível a perda...
Pois o esquecimento é o suicídio da alma.
E, como a alma é imortal, é impossível esquecer.

Temos a eternidade...
Espero-te...


By Carlos D.



Data do escrito, 24/09/2006

O dar...

Almas no Charco, Fofografia de Paulo César


O dar...
Sem o "oferecer"...
A ajuda não se oferece, a amizade não se oferece...
Dá-se, oferta-se, quando é necessária.
Senti isso hoje no meu dia, e disse-o.
A minha alma gritou-o…

By Carlos D.


Já lá vai algum tempo, dia 21/09/2006, data do escrito.

O Vento da Vida

Fotografia de Paulo César

Vem sentir a vida.
A vida que eleva...
A vida que se sente nos lábios, cujo néctar escorre pelos cantos,
que tilinta pela face...
A vida cujo perfume insufla as narinas...
A vida cuja melodia invade o ser e o transporta para outros mundos...
A vida que se evapora... Que é transportada pelo vento...
Sente o vento...
Sente a vida.

By Carlos D.

A luz da vida

Fotografia de Paulo César

Um dia… quando a ternura for a única regra da manhã…


... Acordarei entre os teus braços. A tua pele será o meu refúgio e a luz compreenderá a impossível compreensão do amor. Um dia, quando a chuva secar na memória, quando o Inverno for uma miragem, quando o frio responder devagar com a voz arrastada e distante de um velho...

Estarei contigo e os pássaros cantarão no parapeito da nossa janela...

Nessa altura o tempo parará... Seremos só nos dois e nada mais.

Só nós os dois e a perfeição...

By Carlos D.