Fotografia de Paulo César
O tempo corre...
Passamos o dia a correr, a alta velocidade.
No stress do dia-a-dia, no acordar, no levantar, ao tomar banho, a comer, ao sair de casa… sempre a correr...
Nas filas de trânsito, no chegar ao trabalho... São todas aquelas coisas que queremos fazer, mas sabemos de antemão que não vamos conseguir fazer...
No constante adiar das "nossas coisas": amanhã peço desculpa a alguém que magoei, amanhã digo a alguém que gosto dela, amanhã faço aquela viagem, amanhã vou ao cinema, amanhã convido aquele amigo de quem tenho tantas saudades... Amanhã isto, amanhã aquilo.
É sempre para depois e o amanhã tantas vezes não chega, vamos deixando a vida passar ao lado, sempre a adiarmos...
Queremos fazer tudo ao mesmo tempo.
Queremos tudo.
Os dias passam e não os sabemos sentir.
A espuma dos dias vai-se dissolvendo...
Para quando o pararmos, o saborearmos a comida, o saborearmos os amigos, o saborearmos um bom livro, o sentirmos a música a penetrar e abandonarmo-nos... Para quando?
Para quando? Fazermos apenas uma coisa de cada vez, em consciência e não milhentas coisas ao mesmo tempo?
Não sabemos "abrandar"? Este abrandar que não significa fazer as coisas devagarinho, em caracol, mas sim o não nos impormos limites, o não criarmos factores internos de pressão.
O não nos irritar com coisas que, pura e simplesmente, (se fossemos capazes e abrandar e analisar) não possuem tanta relevância e carácter dramático.
As estradas... Quando os acidentes não ocorrem por excesso de velocidade, derivam deste ritmo de vida que temos, de toda a carga negativa, dos tumultos e desta correria do dia-a-dia que nos impede de estarmos verdadeiramente em paz…
Temos de parar e perceber que a vida não é só trabalho. Que muitas vezes poderíamos abdicar de mais uns "trocos" no final do mês, acrescentando qualidade de vida aos nossos dias.
Abrandemos, para que possamos sorver a vida como um copo de vinho branco fresco, que degustamos, sentados no topo do mundo e com o pôr-do-sol como janela...
By Carlos D.